sábado, 6 de junho de 2009

Brasília

-Tenho grande amor pelas cidades, por esse organismo vivo em que somos ínfima parte, finda. Ela, a cidade, não, ela fica. Nessa questão eu tenho uma relação muito mais complexa e duradoura com Campo Grande e São Paulo, em breve tento sintetizar essa relação em dissertação, e começo a conhecer, como aqueles primeiros olhares trocados, nervosismo e frio na barriga do princípio de qualquer relação, Brasília.

Em verdade que nossa relação está ficando séria agora. A dois anos eu venho com frequêcia, e é difícil no começo, tentamos nos acostumar com suas quadras tão arrumadas, seus Ws, Ls, Eixos, Ilhas, sua secura, sua igualdade e mania de organização claustrofóbica.

Tempo passado, já não nos sentimos desconfortáveis sozinhos, a falta de assunto já não é desconcertante, já nos olhamos com aquele ar de conhecimento. Embora eu saiba que todas as mulheres, quer dizer, as cidades, são muito complicadas e por isso eu ainda me sinto um pouco perdido ao andar por estas ruas sem sequer um botequinho.

E como nós somos diferentes. A ponto de quase me irritar com a sua fisura pela estética, essa carência por um shopping e esse culto pelo corpo. Também, filha de engenheiro, sabe tudo de simetria, é a própria. Acho que teriamos algumas crises, se eu não soubesse que essa relação tem data marcada pra acabar, e é isso que faz ser tão jovem e tão intensa.

Quanta coisa vamos levar um do outro, eu mais dela do que ela de mim. O que é certo que meu amor fica tatuado no meio do deserto do planalto central.



.RodolfoRodrigues.

Um comentário:

  1. Eu tinha uma ligacao parecida com Porto Alegre quando viajava pra lá todos os meses, mas muito mais a ver com o caos e com o estranhamento.

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